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Equinox Gold usa processo pioneiro para recuperar ouro na Bahia

Testes indicaram que o melhor método para possibilitar a recuperação do ouro, tendo em vista as características do minério, seria o RIL (Resina em Lixiviação).


Através da Mineração Santa Luz, a Equinox Gold foi uma das eleitas como Empresas do Ano do Setor Mineral na categoria Inovação e Tecnologia. A indicação da empresa se deveu ao seu pioneirismo no uso, no Brasil, da tecnologia que permite a utilização de resina no processo de lixiviação de ouro na unidade que a empresa inaugurou em 2022, localizada no município de Santa Luz (BA). O empreendimento, no qual a Equinox Gold investiu US$ 103 milhões, tem capacidade para produzir 100 mil onças de ouro por ano, com possibilidade de expansão.


A tecnologia permitiu a viabilidade técnico-econômica de um projeto que estava paralisado há alguns anos. A unidade de Santa Luz, que foi implantada pela Yamana Gold, chegou a operar por cerca de um ano – de meados de 2013 a meados de 2014 – mas a produção foi paralisada, devido ao baixo índice de recuperação do metal e desde então a unidade tinha sido mantida em cuidados e manutenção. Depois o empreendimento passou para o controle da Brio Gold, empresa que havia sido criada pela Yamana, e em seguida para a Leagold. Com a fusão da Leagold com a Equinox Gold, Santa Luz passou a fazer parte do portfólio desta. De 2014 até 2020, foi realizado um programa de testes para avaliar as condições da planta de processamento existente, determinar as causas da baixa recuperação de ouro e desenvolver um novo fluxograma e recomendações para modificações na planta a fim de permitir o processamento, com sucesso, do minério carbonoso.


Os testes indicaram que o melhor método para possibilitar a recuperação do ouro, tendo em vista as características do minério, seria o RIL (Resina em Lixiviação) ao invés do tradicional CIL (Carbon In Leaching), que é utilizado na maioria das plantas de concentração de ouro, mas que no caso de Santa Luz não se mostrou eficiente, devido ao tipo de minério.

s resultados do programa de testes levaram à decisão de se desenvolver um projeto

preliminar e a avaliação econômica com base em um fluxograma CIL, ao invés do

fluxograma original de flotação e lixiviação do minério. No final de 2015, foi definido

um novo programa de testes para subsidiar a otimização do fluxograma, incluindo uma

comparação do circuito RIL com o CIL.

Com a adição de testes de variabilidade, ficou decidido que a planta seria mudada para o processo RIL. Também foi decidido o uso de querosene para desativar o carbono,

que ocorria naturalmente e que era a principal causa dos problemas experimentados na recuperação do ouro durante as operações

de 2013-2014. O design previa a utilização

da maior parte dos equipamentos existentes, acrescentando-se ou modificando-se

apenas o necessário.

O circuito definido inclui: britagem primária e secundária, moagem semi-autógena com moinho SAG, moagem secundária usando-se um moinho de bolas, concentração gravimétrica, classificação em ciclones, pré-tratamento com querosene em um circuito dedicado antes da lixiviação RIL, completa lixiviação do minério por RIL, destruição do cianeto, lavagem ácida da resina, eluição e regeneração da resina.

Com isso, a Mineração Santa Luz tornou-se a primeira planta industrial do Brasil a usar resina para a lixiviação de ouro. De acordo com Antonio Venancio do Rosário, gerente geral da Mineração Santa Luz, para definir o processo “houve inspiração em minas de outros países, como Azerbaijão e Malásia, e foi criada, inclusive, uma planta-piloto especificamente para fazer novos testes com a resina aniônica, desenvolvida em parceria com fornecedores. Dessa forma, atualmente a Mineração Santa Luz consegue obter o ouro com uma pureza média de 98%”. A planta foi construída dentro do prazo programado e iniciou a operação comercial em julho de 2022.

Basicamente, no atual processo da Mineração Santa Luz, "a adsorção do ouro complexado pelo cianeto de sódio é realizada por uma resina (macroesferas constituídas de uma cadeia de polímeros de DVB - Divenilbenzeno, classificado como SBA Strong Basic Anion), em substituição ao carvão ativado, que é oriundo da casca de coco e menos seletivo no processo hidrometalúrgico.

Consequentemente, o processo de retirada do ouro da resina (processo de eluição/

dessorção) é diferente do convencional com carvão ativado, uma vez que se emprega

uma solução concentrada de tioureia em meio ácido em substituição ao comumente

processo de eluição do carvão, que utiliza cianeto de sódio em meio alcalino", como

Antonio Venancio.

Segundo a empresa, somente o fato de se usar a resina aniônica para sistemas de

hidrometalurgia de minérios de ouro já é uma grande inovação no mercado nacional

e latino-americano. "Em especial, por se tratar de uma mina com características de

dupla refratariedade: efeito preg-robbing. Devido à presença de matéria carbonosa e

dos elementos deletérios, principalmente sulfetos (arsenopirita, pirita etc.), é exigido um maior controle dos parâmetros de processo, desde a composição dos blends de minérios à adição de apassivadores para blindagem da matéria carbonosa (garantindo, assim, maiores recuperações hidrometalúrgicas), etapas específicas de lavagens da resina carregada com metais nobres (Au, Ag etc.) e básicos ( Cu, Fe, Zn, Ni, Co, Pb etc.), possibilitando a obtenção de um bullion com maior pureza. Além disso, em paralelo, há a garantia de regeneração química da resina para uso subsequente no processo RIL (Resin-In-Leach).

Diferentemente do carvão ativado, que usa a regeneração térmica antes de retornar aos

circuitos CIP (Carbon In Pulp) e/ou CIL (Carbon in Leach), a resina, após processo

de eluição com tioureia em meio ácido, já se encontra regenerada e com seus “sítios químicos” ativos para novo processo de adsorção dos complexos de metais com

cianeto de sódio".

Além de todo o conhecimento adquirido ao longo do tempo de testes em escala-piloto e, agora, de forma industrial, a Equinox Gold defende que a tecnologia pode viabilizar outros projetos mineiros, "em especial aqueles que possuem características geometalúrgicas (tais como efeito preg-robbing, alta refratariedade, etc.), similares aos da mina de Santa Luz. Com a consolidação de futuros projetos utilizando resina como meio adsorvente aqui, na América Latina, por exemplo, tem-se a extrema necessidade de instalação de fábricas de resina, bem como sintetização de insumos (tioureia, por exemplo, que, atualmente, é “made in China”) e de materiais de desgastes específicos para o processo RIL - Resin In Leach".

Para o vice-presidente de Relações Institucionais e Licenciamento da Equinox Gold Brasil, Cesar Torresini, a Mineração Santa Luz pode ser considerada “um divisor de águas em termos de engenharia e de tecnologia para otimizar o processo de recuperação de ouro, por meio da resina.

O time brasileiro enfrentou os desafios apresentados, especialmente em função de

uma característica especial do minério da região, que é matéria carbonosa, estudou e testou alternativas até alcançar resultados significativos nesse sentido”.

Para ele, o ganho foi muito significativo em termos de recuperação. Atualmente, a Mineração Santa Luz consegue obter o ouro com uma pureza média de 98%. Além disso,

o processo se tornou mais ecológico, uma vez que o carvão era encaminhado para o forno de regeneração, com liberação de carbono para o meio ambiente. Já a resina

pode ser reutilizada até 15 vezes, dependendo da circunstância, após um procedimento de lavagem. “Saímos de uma mina desacreditada para uma mina de grande porte, que tem importante participação na estratégica global de expansão da Equinox Gold”, completa Torresini.

Embora não estivesse originalmente nos planos da empresa obter ganhos ambientais

no processo, pode-se dizer que a resina torna o processo de lixiviação, de certa forma, mais ecológico. “Isso porque o carvão, usado anteriormente nesse processo, era encaminhado para o forno de regeneração, com liberação de carbono para o meio ambiente. Já a resina pode ser reutilizada até 15 vezes, dependendo da circunstância, após um procedimento de lavagem. Outro fator relacionado aos adsorventes (carvão ativado e resina) é a característica de adsorver mais rapidamente ou mais lentamente. A

resina tem uma atividade de 90%, enquanto o carvão ativado tem uma atividade entre

42% e 46%. Então, o uso da resina – um adsorvente mais ativo – aumenta a cinética

de adsorção, ou seja, mais rapidamente o ouro vai para ela.

Com a inauguração da nova planta, o grupo consolida quatro unidades em atividade no Brasil, o que contribuirá significativamente para o plano da mineradora canadense de atingir a marca de um milhão de onças de ouro por ano.



Fonte: Brasil Mineral, assine e tenha acesso a um vasto conteúdo de notícias do setor mineral

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